A Teoria do Multiverso: Explorando Universos Paralelos

A teoria do Multiverso aborda a possibilidade da existência de outros universos paralelos ao nosso, onde nossas ações estariam criando novas ramificações a todo momento. Desta forma haveriam infinitos universos paralelos levemente diferentes.

Adriano Almeida

1/9/20259 min read

A teoria dos universos paralelos

A teoria dos universos paralelos é uma ideia fascinante que surge a partir das interpretações da mecânica quântica, e há várias formas de entendê-la. O conceito básico sugere que, além do nosso universo, existem outros universos, que podem ter histórias e realidades ligeiramente ou drasticamente diferentes. Esses universos paralelos podem ser entendidos de várias maneiras, dependendo da interpretação da mecânica quântica que estamos considerando.

A Interpretação de Muitos Mundos

Uma das explicações mais populares da ideia de universos paralelos vem da interpretação de muitos mundos (ou Many Worlds Interpretation – MWI), proposta pelo físico Hugh Everett III em 1957. Essa interpretação é uma tentativa de explicar o estranho comportamento da mecânica quântica, especialmente a questão da superposição e do colapso da função de onda.

A interpretação de muitos mundos tenta resolver um dilema fundamental: quando uma partícula (como um elétron) está em um estado de superposição (ou seja, ela pode estar em vários estados ao mesmo tempo, como no caso do experimento da dupla fenda), o que acontece quando medimos ou observamos esse estado? Na física clássica, a medição ou observação faz o sistema "colapsar" em um único estado. Mas, na mecânica quântica, como discutimos com o gato de Schrödinger, a medição pode ser problemático.

A interpretação de muitos mundos propõe que, em vez de a função de onda "colapsar" em um único resultado, o universo se divide em múltiplos mundos, com cada possível resultado acontecendo em um mundo diferente. Ou seja, quando uma partícula é medida e "escolhe" um estado, o universo se divide em várias ramificações, com cada ramificação representando uma versão diferente do evento. Em outras palavras, todas as possibilidades quânticas se realizam, mas em universos distintos, e nós experimentamos apenas um desses resultados.

Como Isso Explica Universos Paralelos?

De acordo com a interpretação de muitos mundos, cada decisão quântica – ou evento que envolve incerteza quântica, como o colapso de uma partícula em uma posição ou estado específico – gera uma ramificação do universo. Isso significa que, em um nível fundamental, o universo está constantemente se dividindo em uma infinidade de versões possíveis.

Por exemplo, no caso do gato de Schrödinger: quando a caixa é aberta, no universo que você observa, o gato pode estar vivo ou morto. Mas, segundo a interpretação de muitos mundos, existe outro "universo" onde o gato está no estado oposto, ou seja, se você olhasse para esse outro universo, você veria o resultado oposto do que você observou.

A teoria dos universos paralelos não sugere que esses universos coexistem no mesmo espaço físico. Em vez disso, cada universo ocupa uma realidade separada, mas em um "espaço" quântico onde as múltiplas possibilidades são realizadas simultaneamente em diferentes ramificações. Esses universos paralelos, então, são versões do nosso próprio universo, mas com diferentes resultados de eventos quânticos.

Outras Teorias de Universos Paralelos

Embora a interpretação de muitos mundos seja uma das mais conhecidas, existem outras teorias que também sugerem a existência de universos paralelos, mas com abordagens diferentes:

  1. Teoria das Cordas: A teoria das cordas, uma proposta de unificação da física, sugere a existência de múltiplas dimensões além das quatro que conhecemos (três espaciais e uma temporal). Em algumas versões dessa teoria, pode haver universos paralelos ou multiversos, que são resultados de diferentes configurações dessas dimensões extras.

  2. Multiverso Inflacionário: Uma outra teoria que sugere universos paralelos é a ideia de um multiverso inflacionário, que surge a partir da cosmologia. Segundo essa teoria, o nosso universo faz parte de uma "bolha" de um multiverso, e outras "bolhas" (ou universos) podem ter surgido durante um processo de inflação cósmica. Cada um desses universos pode ter suas próprias leis físicas, constantes e características, o que implica a possibilidade de outros universos com características muito diferentes do nosso.

Como Isso Explica "Versões" Semelhantes do Nosso Mundo?

Dentro da ideia dos universos paralelos, podemos ter versões do nosso próprio universo onde as coisas aconteceram de maneira um pouco diferente. Isso ocorre porque, para cada escolha ou possibilidade quântica, há uma ramificação. Essas ramificações podem ser pequenas ou grandes, e, portanto, podem resultar em universos muito semelhantes ao nosso ou radicalmente diferentes.

Por exemplo, em um universo paralelo, você pode ter tomado uma decisão diferente em algum ponto da sua vida. Em outro universo, o fato de você ter comprado uma camiseta diferente em uma loja pode ter levado a uma série de eventos diferentes, gerando uma versão do universo onde, talvez, você tenha conhecido pessoas diferentes, ou até mesmo tenha vivido em um lugar distinto. Essas mudanças poderiam ser pequenas ou grandes, dependendo de como as ramificações quânticas se desenrolam.

O interessante é que, de acordo com essa teoria, todos esses universos coexistem em uma rede de possibilidades. Portanto, existem infinitas versões de "você" e de "mundo", com resultados e variações em cada uma delas. Em alguns desses universos, as diferenças podem ser mínimas, mas, em outros, as mudanças podem ser tão grandes que os universos pareceriam irreconhecíveis.

Resumo

A teoria dos universos paralelos, especialmente na interpretação de muitos mundos da mecânica quântica, sugere que todas as possibilidades quânticas se realizam, mas em diferentes "ramificações" ou "mundos". Isso implica que existem muitas versões do nosso universo, com possíveis variações de eventos, decisões e resultados. Esses universos não interagem diretamente entre si, mas existem simultaneamente, como diferentes "realidades" que surgem a partir das mesmas leis quânticas que governam o nosso próprio universo. Isso oferece uma explicação intrigante para o estranho e multiplicável comportamento da realidade em escalas quânticas!

A ideia de que cada ação nossa pode desencadear a criação de um novo universo está intimamente ligada à interpretação de muitos mundos da mecânica quântica, que, por sua vez, se relaciona com a teoria da nuvem de probabilidades. Para entender isso, vamos explorar como a mecânica quântica lida com a incerteza e as escolhas em nível subatômico, e como isso pode levar à ideia de múltiplos universos se ramificando a partir de cada decisão ou ação.

1. A Nuvem de Probabilidades na Mecânica Quântica

Na mecânica quântica, ao invés de descrever a posição exata de uma partícula, como na física clássica, usamos o conceito de função de onda, que descreve a probabilidade de encontrar uma partícula em um determinado lugar ou estado. Essa função de onda é frequentemente chamada de "nuvem de probabilidades" porque ela não dá uma localização ou estado fixo para a partícula, mas sim uma distribuição de possíveis lugares onde ela pode ser encontrada.

Por exemplo, imagine um elétron ao redor de um núcleo atômico. Em vez de ter uma posição fixa, o elétron está distribuído em uma região de espaço com diferentes probabilidades de estar em diferentes lugares. Essa distribuição é o que chamamos de "nuvem de probabilidades". Quando medimos a posição do elétron, a nuvem "colapsa" em um único ponto – ou seja, o elétron é encontrado em uma posição específica. Antes da medição, ele está de certa forma "em todos os lugares", mas depois da medição, ele aparece em apenas um lugar.

Essa ideia de probabilidades quânticas é fundamental para a teoria de muitos mundos, que sugere que, em vez de a função de onda colapsar para um único resultado, ela se desdobra em múltiplos mundos, cada um refletindo um dos possíveis resultados.

2. Interpretação de Muitos Mundos e Ação Humana

Agora, vamos conectar isso com a ideia de que nossas ações ou decisões podem criar novos universos. Segundo a interpretação de muitos mundos, cada vez que ocorre uma medição quântica (ou uma decisão de qualquer tipo, mesmo em níveis microscópicos), a função de onda não colapsa em um único resultado. Em vez disso, ela gera uma ramificação, com cada possibilidade quântica se concretizando em um universo separado.

Então, se imaginarmos que cada ação que tomamos pode ser descrita por uma série de escolhas possíveis, isso implica que, em cada decisão importante ou mesmo em microações cotidianas, a função de onda correspondente não só descreve o que pode acontecer, mas cria vários "mundos" distintos nos quais os diferentes resultados ocorrem. Ou seja, a cada ação nossa, uma nova ramificação da realidade acontece, criando uma nova versão do universo.

Por exemplo, considere um simples cenário: você tem que decidir entre dois caminhos para o trabalho. De acordo com a mecânica quântica e a interpretação de muitos mundos, no momento da sua decisão, o universo se divide em dois. Em um universo, você toma o caminho A; em outro universo, você toma o caminho B. Ambos os universos existem simultaneamente, com diferentes versões de você vivendo experiências diferentes, mas com o mesmo "ponto de origem" (você na encruzilhada).

3. A Dinâmica da Criação de Novos Universos

A cada instante em que fazemos uma escolha – seja uma decisão consciente ou até mesmo uma mudança infinitesimal em uma partícula quântica – a função de onda do sistema quântico se ramifica em múltiplas possibilidades. Isso significa que a cada ação ou interação, o universo "cria" novos mundos, um para cada resultado possível.

Por exemplo:

  • Decisão pessoal: Você decide levantar a mão ou não. No universo da mecânica quântica, essa ação cria dois universos: um onde você levanta a mão e outro onde você não levanta.

  • Eventos em escala quântica: Mesmo eventos microscópicos, como a interação de partículas subatômicas, podem ter múltiplos resultados possíveis. Se, por exemplo, um fóton é emitido de uma fonte, ele pode ir em direções diferentes ou ter diferentes comportamentos ao interagir com outras partículas. Cada um desses possíveis comportamentos poderia resultar em um universo diferente, onde as interações seguem caminhos distintos.

4. A Nuvem de Probabilidades e as Ações Humanas

Cada "escolha" que fazemos ou cada ação que tomamos pode ser vista como uma interação quântica que gera uma "nuvem de probabilidades" de possibilidades. Quando tomamos uma decisão, por exemplo, de falar algo para alguém ou de tomar um ônibus diferente, a ação cria um campo de probabilidades – não só no nível micro (como partículas e átomos), mas também nas interações humanas e em todo o nosso ambiente. Cada uma dessas possibilidades se ramifica em um novo universo.

Imaginemos, por exemplo, que você tem uma conversa com um amigo e diz algo que muda o rumo da discussão. Essa conversa pode se desenrolar de diferentes maneiras, dependendo das suas palavras e da resposta do seu amigo. Cada possível desenrolar dessa conversa – e de suas consequências – cria um novo universo paralelo. Em um universo, talvez você tenha dito uma coisa diferente e isso tenha levado a uma resposta diferente. Em outro universo, a conversa seguiu de forma completamente distinta. A partir de cada pequena interação, novos mundos surgem.

5. O Papel da Observação

Vale destacar que, de acordo com a interpretação de muitos mundos, a observação não colapsa mais a função de onda, mas apenas a torna uma parte de um universo específico. Isso significa que, a cada observação ou decisão, você não "escolhe" um único caminho entre várias possibilidades, mas está simplesmente "experienciando" uma das ramificações que surgem.

6. Implicações Filosóficas

Essa visão levanta questões interessantes sobre o livre arbítrio, a natureza da realidade e a existência de múltiplos "eus" em diferentes universos. Se, a cada ação ou decisão, novos universos estão sendo criados, isso sugere que existe uma infinidade de versões de você e de sua vida, com diferentes resultados para cada escolha que você fez ou fará.

Essas ramificações, por mais pequenas que sejam, são parte de um "fluxo" quântico infinito, onde a realidade, em essência, está se multiplicando o tempo todo, criando novos mundos com base nas probabilidades de cada evento.

Conclusão

De acordo com a teoria da nuvem de probabilidades e a interpretação de muitos mundos da mecânica quântica, cada decisão ou ação nossa desencadeia a criação de um novo universo. Isso acontece porque, em um nível fundamental, as possibilidades quânticas não são limitadas a um único caminho; elas se desdobram em múltiplas realidades, criando novas versões do universo em cada ponto de decisão. Isso significa que a cada escolha, por menor que seja, uma nova ramificação ocorre, levando à existência de uma infinidade de universos paralelos, cada um com uma versão única de nós mesmos e do mundo em que vivemos.