Buracos Negros: O Mistério da Gravidade Extrema
Os Buracos Negros são objetos colossais e intrigantes que desafiam a ciência por sua natureza desconhecida. A sua capacidade de consumir tudo o que se aproxima dele ainda o faz mais instigante. Pois a grande pergunta que fica é. O que existe além dos buracos negros?
Adriano Almeida
1/8/202516 min read


buracos negros
Os buracos negros são um dos fenômenos mais fascinantes e misteriosos do universo. Eles são regiões no espaço onde a gravidade é tão intensa que nada, nem mesmo a luz, consegue escapar de sua atração. Para entender o que são e como se formam, precisamos explorar alguns conceitos chave da física e da astronomia.
O que é um buraco negro?
Um buraco negro é uma região do espaço onde a matéria foi comprimida a tal ponto que a gravidade se torna extremamente forte, criando um "ponto de não retorno" chamado de horizonte de eventos. Isso significa que, uma vez que algo ultrapassa esse limite, não há como voltar, nem mesmo a luz.
A gravidade é tão intensa em um buraco negro porque a massa está concentrada em um espaço extremamente pequeno, resultando em um campo gravitacional imensamente forte. Isso é descrito pela teoria da relatividade geral de Albert Einstein, que prevê que a presença de uma grande massa pode deformar o espaço-tempo ao redor dela.
Como se formam os buracos negros?
Existem várias formas de formação de buracos negros, mas a mais conhecida é a partir do colapso de estrelas massivas. Aqui está o processo básico:
Estrelas massivas: Estrelas que têm pelo menos 10 vezes a massa do Sol podem, ao final de suas vidas, sofrer um colapso gravitacional. Quando o combustível nuclear de uma estrela se esgota, a pressão interna que impede o colapso da estrela diminui.
Supernova: Para estrelas massivas, o colapso é tão intenso que a estrela pode explodir em uma supernova, um evento extremamente energético. O núcleo da estrela, no entanto, pode continuar a colapsar, tornando-se tão denso que sua gravidade pode alcançar um ponto de singularidade, ou seja, uma região onde a densidade se torna infinita, e a curvatura do espaço-tempo se torna infinita também.
Singularidade: No centro de um buraco negro, acredita-se que exista a singularidade, um ponto onde a massa da estrela colapsada está concentrada em um volume infinitesimal. A física que descreve as condições dentro de uma singularidade ainda não é completamente compreendida e desafia as leis atuais da física.
Tipos de buracos negros
Existem diferentes tipos de buracos negros, classificados principalmente com base em sua massa:
Buracos negros estelares: São formados pelo colapso de estrelas massivas. Eles têm de algumas massas solares até cerca de 100 massas solares.
Buracos negros supermassivos: Localizados nos centros de quase todas as galáxias, incluindo a nossa Via Láctea, no centro da qual se encontra o buraco negro Sagitário A*. Esses buracos negros têm massas que variam de milhões a bilhões de vezes a massa do Sol.
Buracos negros intermediários: Acredita-se que esses buracos negros estejam entre os buracos negros estelares e supermassivos, com massas entre 100 e 100.000 vezes a massa do Sol. Sua existência foi confirmada em algumas observações, mas ainda há muito a aprender sobre como eles se formam.
Buracos negros primordiais (hipotéticos): São teoricamente menores e podem ter se formado logo após o Big Bang, a partir de flutuações de densidade. Sua existência ainda não foi confirmada.
O horizonte de eventos
O horizonte de eventos é o "ponto de não retorno" de um buraco negro. Uma vez que um objeto (como uma estrela, planeta ou mesmo luz) cruza essa linha, ele não pode mais escapar devido à intensa gravidade. Este limite é chamado de "horizonte de eventos" porque, do lado de fora, ele é o ponto além do qual não podemos obter mais informações de dentro do buraco negro — por isso, parece que esses corpos celestes "desaparecem" para o resto do universo.
O que acontece dentro de um buraco negro?
O que acontece exatamente dentro de um buraco negro é um dos maiores mistérios da física. Acredita-se que no centro do buraco negro, na singularidade, as leis da física que conhecemos (como as que governam a gravidade e as partículas subatômicas) deixam de se aplicar da forma usual. Neste ponto, a gravidade é tão forte que ela distorce o espaço-tempo de maneira extremamente intensa, fazendo com que a física clássica não consiga mais explicar o que ocorre.
O que sabemos sobre buracos negros?
Apesar de serem invisíveis e, portanto, difíceis de estudar diretamente, os cientistas têm obtido muitas informações sobre os buracos negros, principalmente por meio de suas interações com o ambiente ao redor. Aqui estão algumas das descobertas e métodos usados para estudá-los:
Radiação Hawking: Em 1974, o físico Stephen Hawking propôs que os buracos negros podem emitir radiação devido a efeitos quânticos perto do horizonte de eventos. Esse fenômeno é conhecido como radiação de Hawking, e, embora ainda não tenha sido detectado diretamente, ele sugere que os buracos negros podem, com o tempo, perder massa e eventualmente evaporar.
Observação indireta: A presença de buracos negros pode ser inferida pela maneira como eles afetam o comportamento de objetos próximos, como estrelas e gás. Por exemplo, se uma estrela estiver orbitando um ponto no espaço onde não há visibilidade, mas com alta velocidade, isso pode indicar que há um buraco negro invisível puxando a estrela.
Ondas gravitacionais: Em 2015, o LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory) detectou pela primeira vez ondas gravitacionais, que são ondulações no espaço-tempo causadas por eventos extremamente poderosos, como a fusão de dois buracos negros. Esse foi um marco na observação direta de buracos negros e suas interações.
Imagem de um buraco negro: Em 2019, a Event Horizon Telescope (EHT) conseguiu capturar a primeira imagem de um buraco negro supermassivo, localizado no centro da galáxia M87. A imagem mostrou a sombra do buraco negro, rodeada por um anel brilhante de luz distorcida pela sua intensa gravidade.
O que os buracos negros podem nos ensinar?
Estudar buracos negros nos ajuda a entender melhor a física fundamental, como a relatividade geral de Einstein e a mecânica quântica. Eles também desafiam nossos conceitos de espaço e tempo, já que esses conceitos se tornam distorcidos em sua proximidade. Além disso, a observação de buracos negros pode nos fornecer pistas sobre como o universo começou (no Big Bang) e como ele pode evoluir.
Exemplos de Buracos Negros Conhecidos
Cygnus X-1
Localizado a cerca de 6.000 anos-luz de distância, Cygnus X-1 foi um dos primeiros buracos negros a ser identificado em 1964, por meio da observação de raios-X. Ele tem cerca de 15 vezes a massa do Sol e é uma das fontes mais poderosas de radiação de raios-X na nossa galáxia.M87 (e o Horizon Event Telescope)
Em 2019, o telescópio Event Horizon, que usa uma rede de telescópios em diferentes pontos do planeta, conseguiu captar a primeira imagem de um buraco negro, localizado no centro da galáxia M87. Esse buraco negro é supermassivo, com uma massa estimada de 6,5 bilhões de vezes a do Sol.Sagittarius A*
O buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, com uma massa de cerca de 4 milhões de massas solares, é estudado por muitos astrônomos devido à sua proximidade. A NASA e outras agências estão constantemente monitorando as estrelas próximas a ele para entender melhor como ele afeta a dinâmica da nossa galáxia.V404 Cygni
Outro buraco negro estelar, V404 Cygni, é um sistema binário onde o buraco negro tem cerca de 12 massas solares e está sendo estudado devido ao seu comportamento variável, em que emite rajadas de radiação intensa em certos períodos. Ele foi identificado como um buraco negro em 1989.GW170817 Este não é um buraco negro típico, mas sim um evento envolvendo a fusão de dois buracos negros. O evento foi observado em 2017 e gerou ondas gravitacionais detectadas pelo observatório LIGO. Além de fornecer informações sobre a fusão de buracos negros, esse evento também gerou uma explosão de raios gama, o que fez dele um evento astronômico único.
Em resumo, os buracos negros são uma das maiores maravilhas da astrofísica, desafiando as leis da física e oferecendo uma janela para os mistérios mais profundos do universo. Embora ainda não saibamos tudo sobre eles, os avanços em telescópios e teorias como as ondas gravitacionais estão nos aproximando cada vez mais de entender esses corpos enigmáticos
TON 618
TON 618 é um dos buracos negros supermassivos mais fascinantes e notáveis já descobertos. Ele se encontra no centro de uma galáxia distante e é considerado um dos maiores buracos negros conhecidos, com uma massa impressionante. Aqui estão mais detalhes sobre ele:
Características Principais de TON 618:
Massa Supermassiva:
TON 618 tem uma massa estimada em cerca de 66 bilhões de vezes a massa do Sol, o que o coloca entre os maiores buracos negros supermassivos conhecidos.
Isso é significativamente maior do que o buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia, Sagittarius A*, que tem "apenas" cerca de 4 milhões de massas solares.
Localização:
TON 618 está localizado a cerca de 10 bilhões de anos-luz de distância da Terra, na direção da constelação de Leão (Leo).
Ele é um quasar, o que significa que ele está em um estado ativo e muito energético, alimentado por uma enorme quantidade de matéria sendo consumida pelo buraco negro. Isso resulta em uma enorme emissão de radiação, tornando-o visível a grandes distâncias.
Quasar TON 618:
TON 618 é classificado como um quasar, que é uma galáxia ativa com um buraco negro supermassivo no centro que consome material e libera uma quantidade imensa de energia. A radiação emitida por um quasar pode ser bilhões de vezes mais intensa do que a radiação de toda uma galáxia.
O quasar TON 618 foi identificado como tal devido ao seu brilho intenso em várias faixas do espectro eletromagnético, incluindo luz visível, ultravioleta e raios-X.
Velocidade de Aumento do Buraco Negro:
TON 618 tem um dos buracos negros mais "famintos", com uma taxa de crescimento muito alta. Isso significa que ele continua acumulando matéria e aumentando de tamanho a uma taxa impressionante, o que o torna ainda mais massivo.
Evidências de Massa e Tamanho:
A massa de 66 bilhões de massas solares foi estimada a partir da observação das emissões de raios-X e do comportamento do quasar. Essas observações permitem calcular a quantidade de matéria que está sendo atraída para o buraco negro e a taxa de rotação do disco de acreção, ajudando a determinar a massa do buraco negro.
O seu brilho é tão intenso que o TON 618 é visível, mesmo a uma distância tão grande, o que é um indicativo da enorme quantidade de energia gerada por ele.
Descoberta e Estudos:
TON 618 foi identificado como um quasar na década de 1970, quando astrônomos começaram a observar e catalogar objetos extremamente brilhantes no céu, que eram fontes intensas de radiação, mas cuja origem era desconhecida na época.
Desde sua descoberta, TON 618 tem sido estudado para entender melhor o comportamento de buracos negros supermassivos e quasares distantes. Ele serve como um modelo para entender o crescimento e a evolução de buracos negros em galáxias distantes.
Significado e Importância de TON 618
Modelos de Formação de Buracos Negros Supermassivos:
A existência de um buraco negro tão massivo como o TON 618 é importante porque desafia as teorias sobre a formação de buracos negros supermassivos. Acredita-se que eles cresçam ao longo de bilhões de anos através da fusão de buracos negros menores e da acumulação de matéria.
A grande massa de TON 618 sugere que pode ter havido um processo de crescimento extremamente rápido, possivelmente nos primeiros bilhões de anos após o Big Bang. Estudar esse buraco negro ajuda os astrônomos a entender melhor como os buracos negros supermassivos se formam e evoluem ao longo do tempo.
Observações de Quasares em Distâncias Extremas:
TON 618 é uma das fontes mais distantes de radiação intensa e ajuda os astrônomos a estudar a história do universo primitivo. Como ele está a 10 bilhões de anos-luz de distância, significa que estamos vendo a luz emitida por ele há 10 bilhões de anos, um período próximo ao início da formação das primeiras galáxias e buracos negros.
Algumas Curiosidades:
O Quasar mais Brilhante Conhecido: TON 618 é um dos quasares mais brilhantes conhecidos, emitindo uma quantidade de energia equivalente a trilhões de vezes a energia de todas as estrelas de uma galáxia como a nossa.
Radiação Extremamente Poderosa: A radiação emitida por TON 618 é tão intensa que é capaz de ofuscar a luz de toda a sua galáxia hospedeira, tornando o quasar visível mesmo a bilhões de anos-luz de distância.
Conclusão
TON 618 é um exemplo impressionante da imensa diversidade e das características extremas dos buracos negros supermassivos e quasares. Sua enorme massa e radiação poderosa fazem dele um objeto de estudo crucial para entender a formação e evolução de buracos negros, além de fornecer insights sobre o comportamento de galáxias distantes e a história do universo. Ele continua sendo uma das fontes mais poderosas e distantes de luz observadas até hoje, ajudando a expandir os limites do que sabemos sobre o cosmos.
A ideia de estarmos vivendo dentro de um buraco negro
A ideia de que estamos vivendo dentro de um buraco negro, ou até mesmo dentro de um buraco branco, é uma hipótese realmente fascinante, e está relacionada a conceitos de cosmologia e física teórica bastante avançados. A noção de buracos brancos como opostos de buracos negros tem sido discutida dentro de certos modelos da física, especialmente em contextos de buracos de minhoca e teorias de gravidade quântica.
O que é um buraco branco?
Um buraco branco é uma solução teórica das equações de relatividade geral de Einstein, e pode ser visto como o oposto de um buraco negro. Enquanto os buracos negros têm a propriedade de atrair matéria e luz devido à sua intensa gravidade (e nada pode escapar de sua atração após ultrapassar o horizonte de eventos), os buracos brancos teriam o comportamento contrário: expulsariam matéria e radiação. Em termos simples:
Buraco negro: Atrai matéria e luz, e nada escapa dele após passar pelo horizonte de eventos.
Buraco branco: Expulsaria matéria e luz, e nada poderia entrar nele.
Como um buraco branco seria relacionado ao nosso universo?
A ideia de que podemos estar vivendo dentro de um buraco negro, mas a partir da perspectiva de um buraco branco, surge em discussões sobre a estrutura do universo e a origem do Big Bang. Um dos modelos que tenta conectar essas ideias é o conceito de "universo de buraco negro", que sugere que o nosso universo pode ter se originado de um buraco negro em um "universo mãe" ou em outra região do espaço-tempo.
Essa teoria é baseada em uma hipótese de ciclo cósmico que envolve buracos negros e buracos brancos em uma espécie de "pulsação cósmica". A ideia seria a de que um buraco negro, ao consumir matéria e energia de um universo, geraria um buraco branco que expeliria essa matéria e energia, criando um novo universo. Dessa forma, cada buraco negro seria a porta de entrada para um novo universo em expansão — possivelmente o nosso.
Buracos de minhoca: Ponte entre buracos negros e buracos brancos
Um dos conceitos que surgem frequentemente nesse tipo de discussão é o buraco de minhoca, uma espécie de "atalho" no espaço-tempo que conectaria dois pontos distantes do universo. Os buracos de minhoca são teoricamente descritos como tendo duas extremidades:
Uma extremidade no interior de um buraco negro, onde a matéria e a luz são atraídas para a singularidade.
Outra extremidade no interior de um buraco branco, onde a matéria e a luz seriam expelidas, como se fosse a origem de um novo universo ou uma nova região do espaço.
Esses buracos de minhoca podem ser uma maneira de conectar a ideia de buracos negros e buracos brancos. Se existissem, poderiam ser portais entre diferentes regiões do espaço-tempo, e até mesmo entre diferentes universos, o que levanta a ideia de múltiplos universos interconectados.
A relação com o Big Bang e a origem do nosso universo
Uma das ideias mais especulativas e ousadas é que o Big Bang, a grande explosão que deu origem ao nosso universo há cerca de 13,8 bilhões de anos, poderia ser uma explosão de matéria originada em um buraco branco. Em outras palavras, poderia ser que o que observamos como a expansão do nosso universo é, na verdade, a matéria e a energia sendo expelidas de um buraco branco que surgiu após o colapso de um buraco negro.
Esse conceito também se conecta à ideia de que os buracos negros podem ter uma singularidade no centro, onde as leis da física, como as conhecemos, se quebram. Se, de algum modo, uma singularidade de buraco negro pudesse gerar um novo "ponto de origem" de matéria e espaço-tempo (através de um buraco branco), isso faria com que o nosso universo fosse, na verdade, o "produto" de um buraco negro de um universo anterior.
O que os cientistas pensam sobre isso?
Embora as ideias sobre buracos brancos e sobre o universo sendo um "buraco negro de um buraco branco" sejam interessantes, elas são altamente teóricas e especulativas. A maior parte da física moderna ainda não tem evidências diretas que confirmem a existência de buracos brancos ou que possam apoiar a ideia de que estamos dentro de um buraco negro. Além disso, muitas dessas ideias envolvem conceitos que estão no limite do que podemos testar com a tecnologia e a observação atuais.
No entanto, os cientistas continuam explorando esses conceitos dentro da física quântica e da gravidade quântica, áreas que buscam entender como as leis da física funcionam em escalas extremamente pequenas (como no interior das singularidades de buracos negros). Teorias como a gravidade quântica em loop e a teoria das cordas tentam resolver as questões que surgem em regiões onde a relatividade geral e a mecânica quântica entram em conflito, como no centro de buracos negros e nas possíveis conexões com buracos brancos.
Limitações e desafios dessa teoria
Embora seja uma ideia intrigante, a hipótese de que estamos vivendo dentro de um buraco negro (ou de que o Big Bang foi causado por um buraco branco) enfrenta várias dificuldades:
Falta de evidências observacionais: Não há observações diretas de buracos brancos até o momento. Embora os buracos negros tenham sido amplamente estudados, os buracos brancos são puramente hipotéticos e não se sabe como detectá-los ou observá-los.
Problemas com a física em singularidades: A física dentro de uma singularidade — onde as condições se tornam extremas — é ainda um grande mistério. As leis da física que usamos atualmente não conseguem descrever adequadamente essas condições, o que torna essas ideias difíceis de provar.
Problemas de consistência no modelo: A teoria de que estamos dentro de um buraco negro ou de que o Big Bang foi causado por um buraco branco envolve algumas suposições que podem não ser consistentes com outras partes da cosmologia moderna, especialmente com as observações da expansão acelerada do universo e a distribuição de matéria e radiação.
Conclusão
A ideia de que estamos vivendo dentro de um buraco negro ou que o Big Bang foi causado por um buraco branco é uma hipótese teoricamente interessante e muito provocativa. Ela abre discussões sobre a natureza do espaço-tempo, a origem do nosso universo e as limitações da física conhecida. No entanto, essas ideias estão longe de serem comprovadas, e os cientistas continuam a investigar esses conceitos com as ferramentas da gravidade quântica e outras teorias avançadas. A física dos buracos negros e buracos brancos ainda tem muito a revelar, e quem sabe o que o futuro trará em termos de descobertas e avanços tecnológicos que nos permitam explorar essas questões de forma mais profunda!
engolindo estrelas - tdeS
Eventos de buracos negros engolindo estrelas, conhecidos como disrupção de maré estelar (ou tidal disruption events, TDEs), são fenômenos fascinantes e raros que ocorrem quando uma estrela passa muito perto de um buraco negro supermassivo. A gravidade intensa do buraco negro distorce a estrela, gerando forças de maré que podem rasgar a estrela, liberando uma enorme quantidade de energia. Vamos detalhar esse processo e algumas das evidências que temos sobre esses eventos.
Como acontece a disrupção de uma estrela por um buraco negro
A proximidade da estrela: Uma estrela que se aproxima demais de um buraco negro supermassivo (geralmente no centro de uma galáxia) pode ser atraída por sua gravidade. Quando a distância entre a estrela e o buraco negro se torna menor do que um limite crítico, chamado limite de Roche, as forças gravitacionais do buraco negro começam a agir de maneira desigual na estrela.
As forças de maré: O que acontece é que o lado da estrela mais próximo ao buraco negro sofre uma atração gravitacional muito maior do que o lado oposto. Isso gera um estiramento na estrela, resultando em forças de maré que, eventualmente, rasgam a estrela em pedaços. Uma parte da estrela pode ser absorvida pelo buraco negro, enquanto outra parte é ejetada para o espaço em forma de um jato de material.
Emissão de radiação: Durante o processo de disrupção, uma quantidade enorme de energia é liberada. A estrela despedaçada emite radiação em várias faixas do espectro, incluindo raios X e luz visível, que podem ser observadas por telescópios. O brilho da radiação emitida pode durar dias, semanas ou até meses, dependendo da quantidade de material envolvido e das condições ao redor do buraco negro.
Evidências de eventos de disrupção de maré estelar
Observações de raios-X: Uma das primeiras evidências de TDEs foi a detecção de picos de radiação em raios-X provenientes de galáxias distantes. Esses sinais são característicos de eventos de alta energia, como os que acontecem durante a disrupção de uma estrela. A radiação em raios-X se origina da matéria sendo aquecida a temperaturas extremas ao ser acelerada e comprimida no processo de queda no buraco negro.
Espectros de luz visível e infravermelha: Algumas observações de TDEs também revelam emissões em luz visível e infravermelha. Esses espectros podem mostrar a presença de elementos como hidrogênio e hélio, que são características do material estelar.
Observações de jatos de material: Em alguns TDEs, o material que não é absorvido pelo buraco negro é expelido para o espaço, formando jatos de alta velocidade. Observações de tais jatos, como aqueles feitos pelo telescópio Hubble e outros observatórios, fornecem mais evidências de que uma estrela foi destruída.
Eventos como "AT 2022cmc": Um exemplo recente de evidência de TDE é o evento AT 2022cmc, que foi descoberto em 2022. Ele foi classificado como um dos TDEs mais energéticos já observados, com uma liberação de energia extremamente intensa, o que sugere que um buraco negro supermassivo estava devorando uma estrela e produzindo enormes quantidades de radiação.
Raios gama e detecção de ondas gravitacionais: Alguns eventos extremos de TDEs também foram observados através de raios gama ou até ondas gravitacionais, que podem ser causadas pela interação de objetos compactos, como buracos negros. A detecção dessas ondas ainda está em seus estágios iniciais, mas já foi possível correlacionar alguns eventos com o comportamento de buracos negros e suas interações com estrelas.
Exemplos de TDEs notáveis
Swift J1644+57 (2011): Um dos primeiros TDEs observados em tempo real foi registrado pelo telescópio espacial Swift. Durante esse evento, a radiação emitida foi tão intensa que permaneceu visível por meses, e o evento foi associado a um buraco negro supermassivo de uma galáxia distante.
ASASSN-14li (2014): Este evento foi detectado pela All Sky Automated Survey for SuperNovae (ASASSN) e se tornou um dos TDEs mais bem estudados. A radiação intensa foi detectada em várias faixas do espectro, incluindo raios-X e luz visível, e o material ejetado foi identificado como sendo de uma estrela destruída por um buraco negro.
Significado e implicações
Os eventos de disrupção de maré estelar fornecem informações importantes sobre a física de buracos negros, o comportamento das estrelas próximas a buracos negros supermassivos e a dinâmica do material em ambientes extremos. Eles também ajudam a estudar a matéria escura e as interações gravitacionais no nível mais fundamental.
Esses eventos são uma janela para o comportamento de objetos extremamente compactos e massivos no universo, além de fornecerem dados cruciais sobre a evolução de galáxias e os buracos negros que habitam seus centros.
Em resumo, os eventos de buracos negros engolindo estrelas são observações incríveis que oferecem evidências diretas de como os buracos negros interagem com as estrelas e o material ao seu redor, ajudando a desvendar os mistérios do universo.
Se você gostou do que leu até aqui, que tal acompanhar: Radiação Hawking
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