Energia Escura e Matéria Escura: A Chave para Entender a Formação das Galáxias

A energia escura e matéria escura são ainda um mistério para os físicos e astrônomos, pois ainda não foram detectadas por nenhum equipamento. Mas de qualquer forma intrigam os físicos.

Adriano Almeida

1/8/20258 min read

Energia Escura e matéria escura

Energia escura e matéria escura são dois dos maiores mistérios do Universo. Embora juntas representem cerca de 95% da composição total do Universo, elas são extremamente difíceis de detectar diretamente e entender como funcionam. Vou explicar o que são e por que são tão desafiadoras para os cientistas.

Energia Escura

A energia escura é uma forma de energia que acelera a expansão do Universo. Ela foi proposta para explicar um fenômeno observado no final do século XX, quando os astrônomos descobriram que as galáxias estavam se afastando umas das outras não apenas devido à expansão do Universo, mas a uma aceleração dessa expansão.

Características principais da energia escura:

  • Responsável pela aceleração da expansão: Em vez de desacelerar com o tempo, como a gravidade faria, a expansão do Universo está acelerando, e isso é atribuído à energia escura. Ela parece estar "empurrando" o espaço para fora, fazendo as galáxias se afastarem mais rapidamente.

  • Proporção no Universo: A energia escura representa aproximadamente 68% da matéria e energia do Universo.

  • Origem desconhecida: A verdadeira natureza da energia escura ainda é um enigma. Ela pode ser uma forma de energia do vácuo (como no conceito de constante cosmológica de Einstein), mas não sabemos exatamente o que é ou como funciona.

Por que é difícil detectar?

  • Não interage com a matéria: A energia escura não emite, reflete ou absorve luz, nem interage de maneira perceptível com a matéria comum, o que a torna completamente invisível e muito difícil de detectar. Ela é "detectada" indiretamente por seus efeitos sobre a expansão do Universo, mas não podemos vê-la ou tocá-la diretamente.

  • Não possui partículas detectáveis: Até agora, não foi possível identificar uma partícula associada à energia escura, e isso torna seu estudo ainda mais desafiador. Sua presença é inferida apenas com base na aceleração observada da expansão cósmica.

Matéria Escura

A matéria escura é uma forma misteriosa de matéria que não emite, reflete ou absorve luz, tornando-a invisível aos telescópios e detectores de radiação. Sua presença é identificada pelo efeito gravitacional que exerce sobre a matéria visível no Universo, como estrelas e galáxias.

Características principais da matéria escura:

  • Componente invisível do Universo: A matéria escura não pode ser observada diretamente, mas seus efeitos gravitacionais em galáxias e outros objetos cósmicos são evidentes. Por exemplo, a rotação das galáxias é mais rápida do que deveria ser se só houvesse a matéria visível. Isso sugere que há algo mais, uma substância invisível, que está aumentando a gravidade e mantendo as galáxias unidas.

  • Proporção no Universo: A matéria escura compõe cerca de 27% do Universo. Isso significa que, enquanto a matéria visível (como estrelas, planetas e gases) compõe apenas cerca de 5% do Universo, a maior parte da massa do Universo está na forma de matéria escura e energia escura.

  • Componentes não conhecidos: Não sabemos exatamente do que a matéria escura é feita. Algumas teorias sugerem que ela é composta por partículas que interagem muito fracamente com a matéria comum (como os WIMPs – Partículas Massivas de Interação Fraca), mas ainda não foram detectadas diretamente.

Por que é difícil detectar?

  • Não interage com luz: Como mencionado, a matéria escura não emite, absorve nem reflete luz, o que significa que não podemos observá-la com telescópios ou qualquer tipo de sensor baseado em radiação eletromagnética. Ela é invisível.

  • Interação gravitacional: A principal maneira de detectar a matéria escura é por meio de sua interação gravitacional. Ela afeta o movimento de galáxias, a rotação das estrelas dentro delas e até mesmo o comportamento de lentes gravitacionais, onde a luz de galáxias distantes é distorcida pela presença de matéria escura, como se fosse uma lente.

  • Não interage com a matéria comum: A matéria escura não parece interagir com as partículas de matéria normal (como prótons, elétrons e nêutrons) de maneira significativa, exceto pela gravidade. Ou seja, ela não tem uma interação eletromagnética com a matéria visível, o que torna ainda mais difícil detectá-la diretamente.

Como os cientistas sabem que elas existem?

Embora a energia escura e a matéria escura não possam ser detectadas diretamente, sua presença é inferida por seus efeitos no Universo. Aqui estão algumas das maneiras que os cientistas observam e estudam essas entidades misteriosas:

Para a Energia Escura:

  • Aceleração da expansão do Universo: Os cientistas perceberam, através de observações de supernovas distantes e da radiação cósmica de fundo, que a expansão do Universo não está desacelerando, como se esperaria, mas sim acelerando. Isso sugere que existe uma forma de energia desconhecida que está empurrando o Universo para fora, o que é atribuído à energia escura.

Para a Matéria Escura:

  • Efeitos gravitacionais: Como a matéria escura não emite luz, ela não pode ser vista diretamente. No entanto, seu efeito gravitacional pode ser detectado. O movimento das galáxias, a forma como elas se agrupam e as curvas de rotação das galáxias são todas influenciadas pela matéria escura.

  • Lentes gravitacionais: A matéria escura pode curvar a luz ao passar por ela, criando distorções visíveis em objetos mais distantes. Este efeito, conhecido como lente gravitacional, é uma das principais maneiras de mapear a distribuição de matéria escura.

  • Simulações de formação de galáxias: Modelos cosmológicos e simulações computacionais sugerem que, para que as galáxias se formem da maneira observada, uma grande quantidade de matéria invisível (matéria escura) deve estar presente para fornecer a gravidade necessária para aglomerar a matéria normal.

Equipamentos e Métodos para Detecção de Matéria Escura

A matéria escura, que compõe cerca de 27% da matéria do Universo, é um tipo de matéria que não emite, absorve ou reflete luz. Isso torna muito difícil detectá-la diretamente. No entanto, os cientistas têm se baseado em diversos métodos indiretos para tentar identificar suas propriedades e presença.

1. Detectores Diretos de Partículas

Esses experimentos buscam partículas de matéria escura que possam interagir muito fracamente com a matéria comum. A maioria das teorias sugere que a matéria escura é composta por partículas que se chamam WIMPs (Partículas Massivas de Interação Fraca), que interagem via gravidade e, possivelmente, via interação nuclear fraca.

Principais experimentos e equipamentos:

  • LUX-ZEPLIN (LZ):

    • Localização: Laboratório de Física Subterrânea Sanford, EUA.

    • Descrição: Este detector tem como objetivo caçar WIMPs. Ele utiliza um tanque de líquido de xenônio super refrigerado. Quando uma partícula de matéria escura interage com o xenônio, ele emite luz e elétrons, que são então detectados. O LUX-ZEPLIN é um dos detectores mais sensíveis atualmente.

  • XENONnT:

    • Localização: Laboratório Nacional de Gran Sasso, Itália.

    • Descrição: Outro detector que utiliza xenônio líquido. A experiência busca identificar interações raras entre WIMPs e o xenônio, registrando a luz e a carga gerada nas interações.

  • SuperCDMS (Cryogenic Dark Matter Search):

    • Localização: Laboratório de Física Subterrânea de Soudan, EUA.

    • Descrição: O SuperCDMS usa cristais super resfriados para tentar detectar pequenas interações de partículas de matéria escura com os núcleos dos átomos de germânio e silício.

  • CRESST (Cryogenic Rare Event Search with Superconducting Thermometers):

    • Localização: Laboratório de Física Subterrânea de Gran Sasso, Itália.

    • Descrição: O CRESST usa detectores criogênicos para registrar o movimento dos núcleos atômicos causados pela interação de WIMPs com matéria comum.

2. Observatórios Indiretos

Esses observatórios buscam os efeitos indiretos da matéria escura, como radiação ou partículas que podem ser produzidas quando a matéria escura se colide ou se aniquila.

Principais equipamentos:

  • Fermi Gamma-Ray Space Telescope:

    • Localização: Espaço.

    • Descrição: O Fermi Space Telescope observa radiação gamma de alta energia. Uma das hipóteses é que quando WIMPs se aniquilam, elas podem produzir raios gama. O Fermi está em busca de sinais dessa radiação que poderiam indicar a presença de matéria escura em galáxias e outros locais do Universo.

  • Antares e IceCube Neutrino Observatory:

    • Localização: Antares no mar Mediterrâneo e IceCube na Antártida.

    • Descrição: Ambos os observatórios buscam neutrinos de alta energia que podem ser produzidos por aniquilações de partículas de matéria escura. Embora os neutrinos sejam extremamente difíceis de detectar, esses experimentos estão projetados para detectar sinais que possam ser atribuídos a interações de matéria escura.

3. Experimentos de Lentes Gravitacionais

A matéria escura afeta o caminho da luz devido à sua gravidade. Esse efeito pode ser observado em fenômenos chamados de lentes gravitacionais, em que a luz de objetos distantes (como galáxias) é distorcida pela presença de matéria escura, funcionando como uma "lente" cósmica.

Principais equipamentos:

  • Observatórios de Telescópios Espaciais (como o Hubble):

    • Localização: Espaço.

    • Descrição: O telescópio espacial Hubble e outros telescópios observam as distorções causadas pela matéria escura. Essas distorções nos permitem mapear sua distribuição ao longo de grandes escalas no Universo.

A energia escura é a responsável pela aceleração da expansão do Universo, mas sua natureza ainda é completamente desconhecida. Ao contrário da matéria escura, a energia escura não pode ser "vista" diretamente, mas seu efeito sobre a estrutura do Universo pode ser observado. Não temos detectores diretos para energia escura, mas vários experimentos tentam compreender seus efeitos e inferir sua presença.

1. Observação de Supernovas

  • O estudo de supernovas distantes, especialmente as supernovas do tipo Ia (usadas como "velas padrão" para medir distâncias cósmicas), tem sido fundamental para entender a aceleração da expansão do Universo. As observações de como essas supernovas estão se afastando da Terra ajudaram os cientistas a concluir que a expansão do Universo está acelerando, o que é atribuído à energia escura.

2. Telescópios de Mapeamento de Galáxias

  • DES (Dark Energy Survey): Este experimento utiliza telescópios terrestres para mapear a posição de milhões de galáxias em uma vasta área do céu. Ao observar a distribuição das galáxias, os cientistas podem medir a taxa de expansão do Universo e inferir informações sobre a energia escura.

  • Euclid:

    • Localização: Espaço.

    • Descrição: O telescópio Euclid da ESA (Agência Espacial Europeia) está projetado para estudar a geometria do Universo em larga escala e mapear a distribuição de matéria e energia escura, ajudando a entender a aceleração da expansão do Universo.

3. Planck Satellite

  • Planck: Lançado pela ESA, o satélite Planck mediu a radiação cósmica de fundo (CMB) com altíssima precisão. Essas medições ajudam a entender a evolução do Universo desde o Big Bang e a quantificar a quantidade de energia escura presente no Universo.

4. Experimentos de Simulação e Modelagem Cosmológica

  • Cientistas usam modelos computacionais avançados para simular a evolução do Universo e os efeitos da energia escura nas grandes escalas. Essas simulações ajudam a testar diferentes teorias e prever o comportamento do Universo em diferentes cenários.

Desafios na Detecção

  • Matéria escura: O principal desafio na detecção de matéria escura é que ela interage muito fracamente com a matéria comum, tornando extremamente difícil detectar qualquer sinal direto. Além disso, as partículas propostas, como os WIMPs, ainda não foram identificadas de forma conclusiva.

  • Energia escura: A energia escura não pode ser detectada diretamente, pois ela não emite radiação nem interage com a matéria. Tudo o que sabemos sobre ela vem de observações indiretas, como a aceleração da expansão do Universo e os efeitos sobre a estrutura cósmica.

Apesar dos avanços e das tecnologias avançadas, tanto a matéria escura quanto a energia escura continuam sendo dois dos maiores mistérios da ciência moderna, e os equipamentos mencionados estão na vanguarda das pesquisas que buscam desvendar esses enigmas.