A Mecânica Quântica e Suas Implicações na Vida Humana

A Mecânica Quântica intriga a todos pela sua complexidade de entendimento. Sua natureza é no mínimo, de forma a intrigar até mesmo os físicos renomados. No entanto a mecânica quântica já está presente em algumas aplicações no dia-a-dia das pessoas.

Adriano Almeida

1/9/20256 min read

A mecânica quântica

A mecânica quântica é a teoria que descreve o comportamento das partículas no nível subatômico, ou seja, em escalas muito pequenas, como átomos e partículas elementares. Ao contrário da física clássica, que descreve o comportamento de objetos grandes de forma intuitiva, a mecânica quântica pode ser bem contraintuitiva.

Aqui estão alguns dos conceitos centrais da mecânica quântica e como as partículas se comportam nesse mundo:

1. Dualidade Onda-Partícula

Uma das primeiras descobertas da mecânica quântica foi que as partículas, como elétrons, podem se comportar tanto como partículas quanto como ondas. Isso é chamado de dualidade onda-partícula. Quando você observa um elétron, ele pode se comportar como uma partícula, mas, em outros contextos, como em experimentos de difração, ele se comporta como uma onda. Isso foi demonstrado de maneira famosa pelo experimento da dupla fenda, onde partículas como elétrons formam padrões de interferência típicos de ondas.

2. Princípio da Incerteza de Heisenberg

O físico Werner Heisenberg formulou o princípio da incerteza, que afirma que é impossível conhecer com precisão simultaneamente a posição e a velocidade (ou momento) de uma partícula. Quanto mais precisamente tentamos medir uma dessas grandezas, menos precisamente podemos medir a outra. Isso ocorre porque, no mundo quântico, a medição de uma partícula afeta seu estado, criando uma incerteza fundamental.

3. Superposição

Uma das características mais intrigantes das partículas quânticas é o conceito de superposição. Isso significa que, até que uma partícula seja medida, ela pode estar em vários estados ao mesmo tempo. Por exemplo, um elétron pode estar em várias órbitas ao redor de um átomo simultaneamente. Apenas quando se faz a medição (observação), é que o sistema "colapsa" para um estado específico. Essa ideia é bem representada pelo famoso experimento mental do gato de Schrödinger, onde um gato é colocado em um estado de "superposição" entre vivo e morto, até ser observado.

4. Emaranhamento Quântico

O emaranhamento quântico é um fenômeno onde duas partículas podem se tornar "correlacionadas" de tal maneira que o estado de uma partícula está diretamente ligado ao estado da outra, independentemente da distância que as separa. Se você medir o estado de uma partícula, a outra, instantaneamente, estará em um estado correspondente. Esse fenômeno foi descrito como "ação fantasmagórica à distância" por Einstein, que achava que isso desafiava os princípios da relatividade. No entanto, os experimentos mostraram que o emaranhamento é real, embora desafiador de entender.

5. Quantização de Energia

No mundo quântico, a energia não é contínua, mas sim quantizada, o que significa que as partículas só podem possuir certos valores discretos de energia. Por exemplo, os elétrons em um átomo só podem ocupar órbitas específicas ao redor do núcleo, e a energia de cada órbita é fixa. Quando um elétron muda de órbita, ele emite ou absorve uma quantidade específica de energia, chamada de quanta.

Esses comportamentos e outros fenômenos quânticos revelam um mundo radicalmente diferente daquele que experimentamos no cotidiano, onde as leis da física clássica, como as de Newton, dominam. No entanto, o mundo quântico é responsável por uma série de tecnologias modernas, como os transistores e lasers, e continua a ser uma área de intensa pesquisa, com muitos mistérios ainda a serem desvendados.

O gato de Schrödinger e o experimento da dupla fenda são dois dos exemplos mais famosos que ajudam a ilustrar o comportamento estranho e contraintuitivo do mundo quântico. Eles mostram como a mecânica quântica pode ser muito diferente da nossa experiência cotidiana e como ela desafia a forma como entendemos a realidade.

1. O Gato de Schrödinger

O experimento mental do gato de Schrödinger foi proposto pelo físico Erwin Schrödinger em 1935, e ele queria destacar a estranheza do princípio da superposição quântica e o conceito de medição no mundo quântico.

No experimento mental, um gato é colocado dentro de uma caixa selada com um mecanismo que tem 50% de chance de matar o gato e 50% de chance de deixá-lo vivo. O mecanismo é acionado por um átomo radioativo, que pode decair ou não, dependendo de um processo quântico aleatório. Se o átomo decair, libera veneno, matando o gato. Caso contrário, o gato sobrevive. Até que a caixa seja aberta e o estado do gato seja observado, a mecânica quântica sugere que o gato está em uma superposição de estados: ele está ao mesmo tempo vivo e morto. Ele só "colapsa" para um estado definido (vivo ou morto) no momento da observação.

O propósito desse experimento mental não era sugerir que gatos podem realmente estar vivos e mortos ao mesmo tempo, mas sim ilustrar como as leis da mecânica quântica podem ser absurdas quando aplicadas a objetos grandes como um gato. Isso revela o paradoxo da medição: até a observação ser feita, o estado da partícula ou sistema quântico não é definido, mas sim uma combinação de todos os possíveis estados.

Essa ideia é contra intuitiva porque, no mundo macroscópico em que vivemos, os objetos têm um estado bem definido. Porém, no nível quântico, partículas podem existir em múltiplos estados simultaneamente, o que leva à ideia de superposição.

2. O Experimento da Dupla Fenda

O experimento da dupla fenda é um dos mais clássicos e fundamentais da mecânica quântica. Ele foi realizado pela primeira vez por Thomas Young em 1801, mas, quando foi repetido com partículas como elétrons e até átomos, revelou fenômenos surpreendentes sobre o comportamento da matéria.

No experimento, uma fonte de partículas (como fótons ou elétrons) é direcionada para uma barreira com duas fendas paralelas. Atrás da barreira, há uma tela onde as partículas podem ser detectadas. Quando as partículas são enviadas uma de cada vez através das fendas, se você as observar de perto, elas se comportam como partículas e passam por uma ou outra fenda. No entanto, se não houver observação direta, as partículas agem como ondas e criam um padrão de interferência, como ondas de água passando por duas aberturas e se combinando para formar áreas de maior ou menor intensidade.

O comportamento mais estranho ocorre quando as partículas são enviadas uma de cada vez: ainda assim, elas formam esse padrão de interferência, o que implica que cada partícula, no momento em que não está sendo observada, passa por ambas as fendas ao mesmo tempo, comportando-se como uma onda e interferindo consigo mesma.

No entanto, se você tentar observar por qual fenda a partícula passou, o padrão de interferência desaparece e as partículas se comportam como partículas clássicas, sem interferir consigo mesmas.

Como essas experiências explicam o "estranho" mundo quântico?

Ambas as experiências ajudam a ilustrar o comportamento não intuitivo da mecânica quântica, especialmente em relação ao papel da observação ou medição no mundo quântico:

  • Superposição: No caso do gato de Schrödinger, vemos que até a observação ser feita, o sistema quântico (neste caso, o gato) pode estar em múltiplos estados simultaneamente. A mecânica quântica permite que as partículas ou sistemas existam em estados superpostos até que uma medição aconteça, o que vai "colapsar" essa superposição em um único estado.

  • Dualidade onda-partícula: O experimento da dupla fenda mostra como as partículas podem se comportar como ondas e interferir consigo mesmas, e como a simples observação pode mudar esse comportamento. Esse fenômeno é um exemplo de dualidade onda-partícula, onde as partículas, como fótons ou elétrons, podem exibir características tanto de partículas quanto de ondas, dependendo da forma como são observadas.

Esses experimentos ilustram como, no mundo quântico, a realidade não é tão "definida" como pensamos que seja no cotidiano. As partículas não seguem trajetórias ou comportamentos fixos até que sejam observadas. A mecânica quântica desafia nossas noções de causalidade e realismo, mostrando que as leis da física clássica não se aplicam da mesma forma em escalas subatômicas. Esse é um dos motivos pelos quais o mundo quântico é tão estranho e fascinante!

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